Em
Angoche
Areias
pesadas dividem Comunidade, governo e empresa chinesa
Texto: Aunício da Silva
Esta
instalado um ambiente de crispação entre a comunidade de Murroua, governo do
distrito de Angoche e a empresa chinesa Haiyu (Mozambique) Company, co. Lda que
se dedica a exploração de areias pesadas de Sangage.
A
comunidade de Murroua, local onde a fábrica de areias pesadas foi instalada em
Angoche, acusa o governo de estar a violar os seus direitos e de impedir a sua
participação na governação de recursos naturais e consequentemente o não
benefício dos ganhos resultantes do empreendimento.
A
empresa Haiyu (Mozambique) Company, co. Lda opera está a explorar aquele
minério sem ter realizado uma consulta comunitária facto que deixa a população
revoltada e em constante tensão contra aquele grupo de investidores.
Dados
colhidos em Murroua indicam que a comunidade tem
vindo a forçar a realização de uma consulta comunitária mesmo que o processo de
exploração tenha começado sem previamentre respeitar os procedimentos legais.
Lopes
Cocotela Vasco, líder tradicional de Murroua, disse que “temos vindo
a fazer esforços para que não entremos numa situação dramática. Já escrevemos
ao governo do distrito mas nunca tivemos resposta e nem por isso nos cansamos”.
Segundo
disse Lopes Vasco, a comunidade pretendia invadir as instalações da empresa e
agredir os chineses ali instalados. “Eu convenci ao meu povo a não ir por via
de violência e não vamos parar até que os nossos direitos sejam respeitados” –
avança o líder.
Simulação de consulta
Entretanto,
para a surpresa de todos, o governo de Angoche simulou a realização de uma
consulta ocmunitária para o passado dia 20 de Julho mas, a mesma não teve lugar
por falta de quórum, tendo sido adiada para o dia 28, também, de Julho.
Já
na data marcada, 28 de Julho, o governo desistiu do evento e não avisou a
população de Murroua e nem a empresa.
De
acordo com um comunicado da Plataforma Provincial das Organizações da Sociedade
Civil de Nampula (PPOSCN) enviada a nossa reportagem em Nampula, “o governo pura e
simplesmente gazetou a reunião sem avisar as outras partes.
Esta
situação deixou ainda mais furiosa a população que segundo o seu líder “é
demonstração clara de falta de respeito por nós que somos os eleitores desse
país”.
Todavia,
ao nível do governo do distrito de Angoche ninguém se predispos a dar
satisfação aos membros da comunidade de Murroua.
O
director dos Serviços Distritais de Actividades Económicas (SDAE) de Angoche,
Massunda Júnior, confirmou o adiamento da realização da consulta comunitária e
a não informação à comunidade.
Por
seu turno, o edil de Angoche, Américo Adamugy, disse não estar a par do que
está acontecendo em Murroua.
Esta
fonte foi mais além ao afirmar que a empresa caiu de paraquedas no seu
território que ergueram as suas infra-estruturas sem autorização do governo
municipal de Angoche.
Yaanzhi
Penghi, responsável dos escritórios da Haiyu (Mozambique) Company, co Lda em
Angoche disse estar disponível a criar benefícios para as comunidades em redor
da mina mas, avança que para o efeito tudo depende do governo distrital que
deve accionar as partes para chegarem a consensos.